Fernando J.G.Marinho
A leitura da mensagem enviada pelo jovem Leandro Oliveira Freitas para a lista de debates da Cooperativa Cultural dos Esperantistas (kke-diskutlisto@yahoogrupos.com.br) , ontem, 13 de janeiro de 2009, está provocando uma verdadeira onda de entusiasmo na comunidade esperantista.
Faço questão de transcrevê-la e de manifestar a minha empolgação pelo brilhante trabalho que alguns estudantes de francês da UNESP (S. José do Rio Preto-SP) estão desenvolvendo.
Por essas e por outras, "eu acredito na rapaziada" e me emociono relembrando o poeta Gonzaguinha:
"Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão.
Eu ponho fé é na fé da moçada que não foge da fera e enfrenta o leão.
Eu vou à luta com essa juventude que não corre da raia a troco de nada.
Eu vou no bloco dessa mocidade que não tá na saudade e constrói a manhã desejada...”
Eis a mensagem do Leandro:
Novidades para o E-a Movado: Claude Piron
Saluton, karaj gesamideanoj!!!!!
Eu me chamo Leandro, sou estudante de Letras da UNESP (São José do Rio Preto), e esperantista há 5 meses. Venho trazer novidades ao movimento esperantista: montamos um grupo de estudantes de francês aqui da faculdade e decidimos legendar para o português os dez vídeos gravados por Claude Piron no ano de 2007, As línguas: um desafio, e que convergem, no último vídeo (A solução) para a adoção do Esperanto como língua neutra internacional. Os vídeos são: 1 – Compreender-se. 2 – A diversidade das línguas. 3 – A dificuldade linguística. 4 – As instâncias internacionais. 5 – Passar de uma língua à outra. 6 – Isso custa. 7 – O medo do real. 8 – O funcionamento do cérebro. 9 – A programação genética. 10 – A solução. Penso que nosso movimento ainda enfrenta muitos preconceitos (tivemos a prova disso no infeliz artigo do senhor Abdul Cadre) e somente com argumentos sólidos e cada vez mais difundidos entre os esperantistas e a comunidade como um todo, poderemos ver, no futuro, o Esperanto sendo aceito mais como língua, e não como simples código do qual muitos afirmam não podermos utilizar para expressar nossos sentimentos mais profundos (que ingenuidade!!!). O que Claude Piron afirma nestes vídeos incomoda a muita gente, mas ao mesmo tempo esclarece mentes ainda arraigadas a conceitos que somente ouviram falar. Tenho lido muitos artigos escritos por Piron (e que ainda não têm tradução para o português), e pretendo traduzir, ainda nestas férias, um deles, chamado Confissão de um louco, no qual ele se ironiza como portador de uma “doença” chamada Esperanto. Aqui na UNESP, estou juntando esforços para montar um grupo de Esperanto, e temos cerca de 20 interessados (dentre eles um professor de Latim). Em São José do Rio Preto, estudo no grupo esperantista espírita “Benedicto Silva”, no Centro Espírita Francisco Cândido Xavier, e pretendemos fortalecer, neste ano de 2009, o movimento esperantista riopretense, para que tenhamos aqui mais um ponto de referência para o movimento paulista e brasileiro. Ademais, eis o link para acessarem (e divulgarem) o primeiro vídeo, Compreender-se:
http://es.youtube.com/watch?v=tkap7Q5Lf3w
Os outros vídeos, à medida em que forem ficando prontos, envio a vocês o link. Mas nosso objetivo é terminar o projeto até abril/maio.
Agradeço a atenção,
Kaj grandan brakumon al ĉiuj!!!!
Leandro Freitas
“[...] o real objetivo do esperanto, a saber: a aproximação de corações pelo mútuo entendimento de cérebros”.
Francisco Valdomiro Lorenz (Esperanto sem Mestre)
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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3 comentários:
Eis a imediata reação do prezado esperantista ,Professor Paulo Nascente , de Brasília-DF, publicada na lista de debates da Kultura Kooperativo de Esperantistoj :
Saluton, Leandro!
Esperantista há cinco meses apenas e já oferecendo à reflexão dos nossos coidealistas material de tamanha qualidade com a chancela de Claude Piron! Parabéns!
O vídeo é bastante esclarecedor quanto a aspectos das diferenças entre as línguas a partir do recorte que cada povo faz do real. A apreensão do mundo e sua expressão em palavras são únicas de povo para povo. Isto é mais sutil do que normalmente se percebe. O senso comum pode contentar-se com a idéia ingênua de que trocar vocábulos de uma língua pelos de outra já equivaleria a uma tradução, e a intercompreensão se resolveria. Piron esclarece-nos como escapar a essa ingenuidade em linguagem bem acessível.
Sua disposição de traduzir do francês com seu grupo de estudos da UNESP toda a série e disponibilizar nas nossas listas de esperanto atesta uma verdade promissora: com apenas 5 meses no Movimento, desponta um colaborador sensível e antenado nos gigantes desse movimento, como Piron e Lorenz, para ficar só com os que citou.
O esperanto não para de crescer no meio universitário, onde os argumentos mais populares costumam ser os da igualdade de direitos línguisticos, da justiça e da democracia linguistica. Bem na linha do Manifesto de Praga. Outros preferem argumentos de cunho mais religioso, segundo as diferentes colorações. Há quem prefira seduzir pelas oportunidades de uso no turismo, nas canções, na literatura, no acesso a notícias veiculadas por uma mídia independente e multicultural. Importam menos essas diferenças e mais a disposição de trabalhar pelos ideais em que se acredita. Se for em esperanto, países dos cinco continentes e milhares de cidades em todo o mundo estão dispostos a nos dar atenção, abrindo os corações pelo mútuo entendimento dos cérebros.
Mais um precioso comentário!
Desta vez, remetido pelo nosso querido amigo Affonso Borges Gallego Soares, de Niterói-RJ, para a lista de debates da Cooperativa Cultural dos Esperantistas:
Caro Leandro,
Fazendo minhas as sábias palavras de Paulo Nascentes, quero declarar quão benvinda é a sua iniciativa. Há algum tempo dei conhecimento a uma espírita de Brasília, que é psicóloga e se vai deixando atrair pelo Esperanto, sobre a obra de Claude Piron, onde ela encontraria sólida argumentação em favor da Língua Internacional também estruturada em bases de natureza psicológica. Já vou indicar-lhe os vídeos cujo rico conteúdo agora poderá ser conhecido por um público mais numeroso, graças às legendas em português.
Lembro ainda que, há alguns anos, verti do Esperanto para o português uma pequena obra de Piron intitulada "Reações Psicológicas ao Esperanto" que já foi lida por nossa amiga de Brasília e lhe causou admiração.
Fiquei feliz também pelo fato de que o grupo de esperantistas espíritas do "Centro Espírita Francisco Cândido Xavier", aí em S. José do Rio Preto, recebeu o nome de nosso grande mestre Benedicto Silva, a quem devo quase tudo do pouco que sei sobre a língua e que tem servido à Causa com eminentes realizações.
Abraço de amizade e admiração do
Affonso Soares.
Oi, Leandro!
Saiba como conheci o Prof. Benedicto Silva, lendo o trecho abaixo, extraído da mensagem
" Como nasce uma amizade", postada em maio de 2006 no blog " Galera do Marulo"( http://galeradomarulo.blogspot.com/2006_05_05_galeradomarulo_archive.html ):
"...Em junho de 1997, estive pela primeira vez em S.J. do Rio Preto . Fomos visitar nosso filho caçula, Luís Eduardo , Heloisa e a dupla do barulho (Dudinha e Betina), que haviam mudado para aquela cidade. Não poderia perder a ocasião de conhecer pessoalmente o conceituado Prof. Benedicto Silva, esperantista de primeira categoria. Recebido em sua própria casa, lá permaneci por algumas horas.(Neste momento, uma luz vermelha imaginária me alerta para ser breve, para respeitar os leitores; uma outra verde, indica: vá em frente, há quem aprecie detalhes) Resumindo: O Professor Benedicto falou-me da sua paixão pela filatelia; das suas viagens ao Japão , a convite de uma organização que utiliza o esperanto como veículo de divulgação de seus objetivos, a "Oomoto" ,
"uma 'nova' religião japonesa , com fundamento na cultura tradicional do Japão, com ritual xintoísta , cujos ensinamentos universalistas demonstram, entretanto , alto respeito pelas religiões de todos os povos". Falou-me, inclusive, das atividades que exercia como tradutor e redator da revista "Oomoto".
Fato curioso ocorreu quando o Prof. Benedicto abriu um grande arquivo de aço e de lá retirou alguns envelopes enviados por seus correspondentes, ornamentados com belíssimos selos comemorativos, oriundos de várias partes do mundo. Ao reconhecer no primeiro envelope a inimitável caligrafia de um velho amigo , surpreso exclamei: " Não me diga que esta carta é do samideano Werner Heimlich, de Soltau, Alemanha ! " E era. O Sr Werner foi um dos primeiros correspondentes que tive. Quando começamos a nossa troca de cartas, postais, revistas e fotos, ambos éramos iniciantes no aprendizado do esperanto. Como diria Malba Tahan, "já lá se vão 50 anos... !"
Kore salutas,
Fernando J G Marinho
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